A criança com menos de 6 anos ainda está sendo apresentada ao mundo. Nós adultos, dispostos a ajudar, falamos: a maçã é vermelha, o cachorro faz “au-au”, tenha cuidado ao andar na grama pode ter coco de cachorro. Mas no livro o cachorro não faz “au-au”, nem coco na grama, ele fala, e faz xixi no penico. Que confusão!
Pituco, com 2 anos, ainda não viu todos os bichos que já conhece dos livros. Para ele a fada é tão real quanto o leão. A gente acha a fantasia interessante e divertida e quer dividir isso com eles, mas não percebemos que estamos impondo a nossa fantasia numa criança que ainda não tem recurso para criar a sua própria. A gente fantasia com base no real, extrapolando-o, desafiando o real, mas e a criança que ainda está aprendendo o que é real?
Talvez você já tenha passado pela situação na qual fez uma piadinha com algo fantasioso para uma criança pequena e ela não tenha achado graça. Isso acontece porque ela ainda não entende que essa fantasia é um ato de rebeldia com a realidade Para alguém que ainda aprendendo sobre tudo, uma formiga poder carregar 100x seu próprio peso é tão engraçado quanto a formiga usar óculos de sol. Ela não vê graça, ela absorve a informação.
Há quem pergunte se esta “restrição” irá limitar a criatividade da criança. Para isso, Montessori já tinha a resposta: Experiências de crianças pequenas com o mundo real tornam-se a base para a sua imaginação e pensamento criativo nos anos da escola primária, quando já não possuem uma mente absorvente, mas uma mente racional.
Para Montessori, existe uma diferença entre fantasia e imaginação. A criança pequena não precisa ouvir contos de fadas para ser capaz de imaginar que pedaços de madeira são trilhos de um trem.
“O faz-de-conta saudável, assim como o desenho de observação, a escrita e diversas outras formas de arte são, para Montessori, imaginação. A crença imposta em personagens variadas, o faz-de-conta ilusório e até o medo de seres mágicos são formas de fantasia. A primeira se desenvolve naturalmente quando a criança é deixada em liberdade, a segunda surge a partir da vontade do adulto.” – Lar Montessori
O método Montessori é ainda mais criterioso. Há uma atividade característica do método que trata de apresentar miniatura de animais e depois relacionar a miniatura com a imagem correspondente. Nessa atividade é recomendável que o tamanho das miniaturas sejam proporcionais entre si. O meu exemplo, da foto abaixo, não é dos melhores porque a vida marinha tem uma enorme variedade de tamanhos. De qualquer forma, eu não deveria colocar aquele caranguejo junto ao polvo, arraia e lula. O carangueijo é normalmente menor que a lula, mas na miniatura da foto estão do mesmo tamanho, o que causa uma desinformação para a criança. Não se convenceu?! Mas… o que você sentiria se alguém lhe apresentasse algo equivocado? Alguém a quem você nem pediu que lhe ensinasse essa determinada coisa.
É bem difícil encontrar produtos que apresentem apenas o real, os livros infantis estão cheios de animais antropomorfos. Vou compartilhando com vocês o que tenho achado de qualidade por aí e adoraria que vocês também compartilhassem comigo.
Links de indicação dos livros: para bebês, para crianças a partir de 2 anos.
Há quem pergunte se esta “restrição” irá limitar a criatividade da criança. Para isso, Montessori já tinha a resposta:
Experiências de crianças pequenas com o mundo real tornam-se a base para a sua imaginação e pensamento criativo nos anos da escola primária, quando já não possuem uma mente absorvente, mas uma mente racional.
Citação a Montessori pelo livro Montessori from the start
Para aprofundar a leitura nesse assunto sugiro ler os seguintes textos do Lar Montessori: