Se você tem criança pequena, já deve ter ouvido falar do quarto de bebê sem berço. Em quatro anos, a procura na internet pela expressão “quarto montessoriano” aumentou quase 400%, indicando a moda que se tornou. O método pedagógico que vem despertando o interesse de muitas famílias brasileiras foi criado há mais de um século pela italiana Maria Montessori, e vai muito além de um colchão no chão. Apesar de antigo, o método tem ganhado notoriedade porque estudos recentes da neurociência estão confirmando algumas de suas observações como a plasticidade cerebral, a conexão entre movimento e aprendizado e a ineficácia de prêmios e castigos.
Para falar desses e outros temas para pais e professores interessados em auxiliar suas crianças no processo desafiador que é o desenvolvimento infantil, Gabriel Salomão, autor do livro Princípios de Montessori para Famílias e da página Lar Montessori, estará em Salvador para ministrar o curso de Introdução ao Método Montessori. O curso ocorrerá nos dias 22 e 23 de setembro na Escola Natureza, na Pituba. A escola adota essa metodologia e está promovendo o curso junto com este blog.
Durante as dez horas de curso, Gabriel falará sobre a importância da independência e formas de promover a autonomia em casa e na escola. Tratará da importância da ação para o equilíbrio interior, como também o poder transformador da concentração nas crianças. Para o conteúdo completo do curso basta acessar a plataforma de venda de ingressos Sympla. Temos possui valores promocionais para casais e grupos.
Datas 22 e 23 de setembro, das 08h às 13h, na Escola Natureza em Salvador.
O ministrante é o Gabriel Salomão, autor do livro Princípios de Montessori para Famílias e da página Lar Montessori. Gabriel realiza formação de professores em todo Brasil e foi convidado pela Associação Montessori Internacional para apresentar sua pesquisa no encontro anual dessa associação. Para quem acompanha o Montessori Aqui em Casa já deve ter visto muitas citações dele. Gabriel é a minha referência no Brasil para Montessori.
O curso que tem por objetivo levar os fundamentos da prática montessoriana para professores e famílias de crianças pequenas, ajudando-os a compreender melhor seus filhos e alunos e, assim, serem verdadeiros colaboradores para o desenvolvimento infantil.
Valor da Inscrição: R$135,00 (1o. lote até 22/08/18) / desconto de 10% para casal e de 20% para grupos a partir de 5 pessoas. Cupom de desconto: com a palavra montessoriaquiemcasa você ganha 20% em qualquer tipo de inscrição.
O gênero é uma das principais formas de identificação na primeira infância. É também um tema que tem recebido atenção e levantado polêmicas entre os pais. Nesse texto passarei à margem das polêmicas sobre ideologias de gênero para falar de algo que parece ser consenso: diminuir os estereótipos de gênero. Os estereótipos de gênero padronizam exageradamente os comportamentos sem questionar se as individualidades estão sendo respeitadas e quais as consequências disso. Por mais de 100 anos, o método Montessori vem promovendo a diminuição desses estereótipos. Como?Leia mais »
Quantas vezes você ameaçou sair e deixar seu filho em casa, ou no parque, ou na festa? E quantas vezes você demonstrou estar chateado com ele porque sem querer derramou comida e sujou a mesa? Você gritou com seu filho hoje?
A decisão de uma maternidade sem violência eu tomei antes dos meus filhos nascerem, quando comecei a ler sobre Montessori e o respeito pela criança. Nos 16 primeiros meses eu fui bem – com tropeços, mas bem. Até que há quatro meses me vi gritando com minha filha mais velha e percebi que precisava mudar. Eu até sabia o que fazer, mas tudo que tinha lido não estava mais conseguindo colocar em prática.Leia mais »
A internet está repleta de atividades montessorianas para fazermos com nossos filhos, mas você sabia que Maria Montessori deixou orientações de como devemos apresentar essas atividades para a criança? Pode lhe parecer estranho, mas para mim, mais importante do que fazer muitas atividades é a preparação do adulto que acompanha essa atividade. Fiz um vídeo 3:30 em que demonstro a atividade do cofre (numa variação mais fácil) para Vicente (13 meses) e pontuei 10 passos que o adulto deve seguir na demonstração de qualquer atividade Montessori. No texto a seguir explico um pouco mais cada um deles.
1 – Prepare a atividade antes
Esse é um passo prévio, mas muito importante. Caso você note que falta algum material no momento da apresentação, a sua saída para buscar isso desconcentra a criança. De preferência ensaie a apresentação. Eu sempre me arrependo quando não ensaio, porque é o momento em que avalio qual a melhor forma de apresentar a atividade, qual o movimento da mão mais adequado, qual o angulo mais adequado e se realmente o material está totalmente compatível. Mas mesmo com ensaio, é claro que na hora da atividade em si você sempre notará melhorias que podem ser feitas
2 – Convide a criança
Por mais simples que pareça, há muita diferença entre ser convidado a trabalhar e ser instruído a fazê-lo. Diga a criança que tem algo para mostrá-la e peça que venha com você.
3 – Sente-se do lado dominante da criança
Sente-se no lado dominante da criança, do lado que ela tem mais habilidade, que escreve ou escreverá. Desta forma, a criança pode assistir e copiar seus movimentos exatos. Isso pode significar que você precisa aprender a apresentar atividades com sua mão não-dominante! Você deve ter notado no vídeo eu me equivoquei. Como sou canhota tenho que prestar o dobro de atenção porque minha tendência é sempre ir para o lado esquerdo, mas minhas duas crianças são destras.
4 – Demonstre, não explique
Use o menor número possível de palavras durante as apresentações. O foco da criança deve estar nos materiais e na apresentação, não em suas palavras.
5 – Demonstre da esquerda para direita, de cima para baixo
Todas as apresentações se movem nessa direção como uma preparação indireta para a leitura e escrita ocidental.
6 – Não corrija, observe
A criança não realizará a atividade com 100% de precisão na primeira vez. Ela irá executar da forma que entendeu que era para fazer e da forma como é capaz de fazer. Não corrija, interrompendo assim o fluxo da atividade, o erro não é importante. Da próxima vez que for apresentar a atividade novamente demonstre como se fosse a primeira vez, sem elevar o tom de voz onde ela errou.
7 – Faça movimentos lentos e conscientes
Pode parecer lhe parecer muito simples, mas para a criança é tudo novo. Retarde para que ele possa ver sua exatidão. Seus movimentos também devem ser lentos e conscientes durante a execução da atividade pela criança para não lhe tirar o foco.
8 – Mantenha o contato visual
Mantenha contato com os olhos ao convidar ou falar com a criança. Isto respeitosamente diz à criança que ele tem a sua atenção. Em troca, os olhos da criança dizem que a criança está pronta para aprender.
9 – Deixe repetir quantas vezes quiser
Não existe um tempo delimitado nem um número de vezes determinado a fazer. Respeite o tempo da criança naquela atividade, isso vai depender da complexidade e do seu interesse. Incentive-os a usar os materiais repetidamente para aumentar seu domínio, mas também não insista.
10 – Ao sinal de desinteresse, finalize
Se a criança não está interessada ou está cometendo erros, ponha a atividade fora. Haverá outra oportunidade para apresentá-la mais tarde. Pare antes de você e a criança ficarem frustrados.
Fontes
Material produzido por Soraia Andreia Silva, da moderação do grupo Montessori para Famílias e North American Montessori Center. Espero que seja de utilidade para mães que estão iniciando no método e podem ter algumas dúvidas.
Esclarecimentos
A – Cada atividade é uma oportunidade de apresentar novo vocabulário. Quando isso ocorrer, use a Lição em 3 Tempos. Ela foi suprimida desse material porque merece um vídeo exclusivo para ser devidamente exposto.
Deixo aqui a explicação do Lar Montessori da Lição em 3 Tempos:
Incialmente se mostra os dois objetos e se nomeia a ambos: “Isto é uma colher, isto é um garfo”. Em seguida, pede-se que o aluno aponte, pegue ou mova “a colher”, ou “o garfo”. Depois de algumas variações desta segunda parte, pergunta-se ao aluno “Qual é este?” e “Qual é este?”, apontando-se uma vez a cada objeto. Assim, na primeira etapa nomeia-se algo, transmite-se uma informação. Na segunda, associa-se o nome ao objeto de fato, por meio do movimento, principalmente. No terceiro tempo, testa-se o aprendizado da criança, para que saibamos se a lição foi cumprida. Usa-se poucas palavras, para não confundir a criança, e para que ela possa, a partir deste momento, exercitar-se livremente, sem precisar ficar presa ao adulto por muito tempo. – Lar Montessori
B – Existem pequenas variações ao apresentar atividades para crianças maiores. Depois de uma determinada idade as atividades incluem breves e claras explicações de como proceder.
C – Agora que você já sabe como apresentar qualquer atividade, concentre-se em escolher uma. Não se preocupe com a quantidade de atividades, mais importante é que esteja de acordo com a etapa de desenvolvimento do seu filho. Para isso, leia sobre Períodos Sensíveis. Sugestões:
A criança com menos de 6 anos ainda está sendo apresentada ao mundo. Nós adultos, dispostos a ajudar, falamos: a maçã é vermelha, o cachorro faz “au-au”, tenha cuidado ao andar na grama pode ter coco de cachorro. Mas no livro o cachorro não faz “au-au”, nem coco na grama, ele fala, e faz xixi no penico. Que confusão!
Pituco, com 2 anos, ainda não viu todos os bichos que já conhece dos livros. Para ele a fada é tão real quanto o leão. A gente acha a fantasia interessante e divertida e quer dividir isso com eles, mas não percebemos que estamos impondo a nossa fantasia numa criança que ainda não tem recurso para criar a sua própria. A gente fantasia com base no real, extrapolando-o, desafiando o real, mas e a criança que ainda está aprendendo o que é real?
Talvez você já tenha passado pela situação na qual fez uma piadinha com algo fantasioso para uma criança pequena e ela não tenha achado graça. Isso acontece porque ela ainda não entende que essa fantasia é um ato de rebeldia com a realidade Para alguém que ainda aprendendo sobre tudo, uma formiga poder carregar 100x seu próprio peso é tão engraçado quanto a formiga usar óculos de sol. Ela não vê graça, ela absorve a informação.
Há quem pergunte se esta “restrição” irá limitar a criatividade da criança. Para isso, Montessori já tinha a resposta: Experiências de crianças pequenas com o mundo real tornam-se a base para a sua imaginação e pensamento criativo nos anos da escola primária, quando já não possuem uma mente absorvente, mas uma mente racional.
Para Montessori, existe uma diferença entre fantasia e imaginação. A criança pequena não precisa ouvir contos de fadas para ser capaz de imaginar que pedaços de madeira são trilhos de um trem.
“O faz-de-conta saudável, assim como o desenho de observação, a escrita e diversas outras formas de arte são, para Montessori, imaginação. A crença imposta em personagens variadas, o faz-de-conta ilusório e até o medo de seres mágicos são formas de fantasia. A primeira se desenvolve naturalmente quando a criança é deixada em liberdade, a segunda surge a partir da vontade do adulto.” – Lar Montessori
O método Montessori é ainda mais criterioso. Há uma atividade característica do método que trata de apresentar miniatura de animais e depois relacionar a miniatura com a imagem correspondente. Nessa atividade é recomendável que o tamanho das miniaturas sejam proporcionais entre si. O meu exemplo, da foto abaixo, não é dos melhores porque a vida marinha tem uma enorme variedade de tamanhos. De qualquer forma, eu não deveria colocar aquele caranguejo junto ao polvo, arraia e lula. O carangueijo é normalmente menor que a lula, mas na miniatura da foto estão do mesmo tamanho, o que causa uma desinformação para a criança. Não se convenceu?! Mas… o que você sentiria se alguém lhe apresentasse algo equivocado? Alguém a quem você nem pediu que lhe ensinasse essa determinada coisa.
É bem difícil encontrar produtos que apresentem apenas o real, os livros infantis estão cheios de animais antropomorfos. Vou compartilhando com vocês o que tenho achado de qualidade por aí e adoraria que vocês também compartilhassem comigo.
Há quem pergunte se esta “restrição” irá limitar a criatividade da criança. Para isso, Montessori já tinha a resposta:
Experiências de crianças pequenas com o mundo real tornam-se a base para a sua imaginação e pensamento criativo nos anos da escola primária, quando já não possuem uma mente absorvente, mas uma mente racional.
Citação a Montessori pelo livro Montessori from the start
Para aprofundar a leitura nesse assunto sugiro ler os seguintes textos do Lar Montessori:
Ao voltar de um dia maravilhoso na casa de Davi, amigo de Isa, refletia se eu tinha ajudado essas duas crianças de 2 anos a se relacionarem e como eu gostaria de me comportar. Hoje a #qlq serão esses lembretes pessoais para um próximo encontro.Leia mais »
Os bebês criam hipóteses sobre o que acontece no mundo e tentam confirmá-las. Esse é um dos motivos pelos quais se um bebê está sentado num cadeirão de um restaurante ela é capaz de derrubar uma colher fazendo um barulhão. Aí, ou o pai ou a mãe vai pôr a colher de volta no cadeirão e dizer: “não jogue a colher!”. Logo em seguida o bebê joga a colher no chão de novo só pra ver se faz aquele barulhão. Os bebês estão ocupados tentando entender o quanto o mundo é previsível.
Filme O Começo da Vida (para assistir ao trecho clique aqui)
Por incrível que pareça eles não fazem para nos provocar e sim para descobrir o mundo. Nem que seja para descobrir a reação da mãe/do pai diante da sua ação. Com isso não quero dizer que os pais precisam pegar a colher toda vez que a criança a joga no chão, apenas é o motivo pelo qual não se zangar com seu filho.
Dentro de uma prisão de segurança máxima, um presidiário pode passar mais tempo ao ar livre do que uma criança. Segundo a última campanha da Omo, baseada num estudo conduzido pela Edelman Berland, 56% das crianças passa uma hora ou menos brincando ao ar livre. Nesse texto vou falar mais sobre a importância da natureza no método Montessori.Leia mais »
Adoro escrever os textos da #qlq (qual o lembrete de quarta?), mas nas últimas semanas me vi em conflito para decidir o tema porque sentia que estava sempre acusando os pais e isso me deixa bem desconfortável.
[Para quem não tem acompanhado o blog, a #qlq foi uma hashtag que criei para compartilhar reflexões sobre criação de filhos de uma perspectiva de mãe para mães e pais. A idéia surgiu ao mandar e-mails semanais para o meu marido sobre o tema. Por isso me identifico muito com as esposas que marcam seus companheiros aqui nos comentários.]
Meu conflito se apaziguou quando li o capítulo “O acusado”, de Montessori em “A Criança”. Ela nos diz é que a defesa da criança passa pela acusação do adulto mesmo, mas essa não é para ser entendida como uma humilhação porque não aponta um erro por falha ou ineficácia e sim um erro por desconhecimento. É uma acusação nobre.
Denuncia erros inconscientes – e por isso, se engrandece, conduz a autodescoberta.